Freud dizia que “a salvação do homem é o amor e o trabalho”. Realmente, podemos pensar que a vivência do amor íntimo e comprometido se constitui na experiência mais significativa pela qual passamos.

O amor é fonte de motivação e energia,  tem papel terapêutico em nossas vidas. É incrível o seu poder, a força de transformação que possui. Porém, não podemos nos esquecer de que, quando frustrado e não realizado, ele também pode  ser  fonte de angústia, mal-estar e sofrimento.

Muitas das dificuldades que surgem  num relacionamento podem e devem  ser trabalhadas para que a parceria tenha continuidade. Nós, psicanalistas, somos procurados tanto por pessoas que têm dificuldades de se relacionar, embora se amem, quanto por pessoas que não conseguem pôr fim num relacionamento, mesmo quando o amor não existe mais.

Uma das ideias mais preconceituosas, e também uma das mais difíceis de desmistificar, é  a de que o relacionamento normal e sadio é aquele que é fácil, gostoso e quase sempre prazeroso. Na realidade, o relacionamento é  algo que, para ser bom, deve  ter o empenho de ambas as partes. E mesmo a “crise” entre um casal é  extremamente benéfica, pois leva a questionamentos. Portanto, nada pior, em termos psíquicos, do que a acomodação.

Uma  grande dificuldade  para os parceiros é a falta de comunicação. As pessoas, de forma  geral, não conseguem expressar seus sentimentos, seus desejos e suas emoções através das palavras. Quando aparece um problema, geralmente cria-se a ilusão de que ele vai ser resolvido com o tempo. E é justamente em função das palavras engolidas que as explosões ocorrem. Há quem precise brigar para  conseguir se expressar, o que  pode se transformar em um “jogo” destrutivo.

Falar, no entanto, é sempre um exercício de crescimento, já que, na realidade, é a única forma da pessoa se confrontar com quem ela é, e dar ao outro a oportunidade de conhecê-la. Os que não “vomitam”, através das brigas, aquilo que não conseguiram dizer, muitas vezes,  “engolem” e  reprimem seus sentimentos, o que  também traz sérias consequências.

A formação de alguns sintomas, como depressão, ansiedade, ou então problemas físicos, como obesidade, enxaqueca, pressão alta, gastrite etc., podem ser deslocamentos de preocupações de outra ordem, isto é, vazam, através do corpo, os conflitos não elaborados. É como se a pessoa tentasse, com o corpo, falar o que com palavras não consegue dizer.

O mal-estar, tanto físico quanto emocional, costuma advir dos sentimentos engolidos, das insatisfações não ditas, dos desejos não reconhecidos e das emoções sufocadas. Na vida a dois, isso pode conduzir, inevitavelmente, para o fim do relacionamento.

Edázima Aidar é psicanalista pela Sociedade Campinense de Psicanálise.
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