Embora os sentimentos de inveja sejam familiares para a maioria das pessoas, suas implicações são penosas, difíceis de reconhecer e aceitar. A tendência geral é negarmos com veemência esses sentimentos em nós mesmos, ficando mais fácil identificá-los nos outros.
Definindo resumidamente, a inveja é um sentimento irado de que outra pessoa possui e desfruta de algo desejável, possuindo aquilo que, no fundo, é o que gostaríamos de ter. Falar de inveja é falar de “comparação”. A visão deformada de nós mesmos, a baixa autoestima, o fracasso no alcance dos próprios desejos nos tornam vulneráveis e suscetíveis a ela.
O descontentamento afetivo, profissional ou financeiro, é um caldo de cultura para a manifestação da inveja . Quando os próprios sonhos fracassam, as pessoas ficam mais amargas diante do sucesso dos outros.
Pessoas insatisfeitas consigo mesmas, mal-amadas, incapazes de assumir suas próprias vidas tentam, a qualquer custo, e às vezes de maneira bem sutil, fazer comentários destrutivos sobre a vida dos outros.
É importante destacar que alguém só se incomoda com a felicidade do outro quando existe uma “falta” na própria vida. E é essa falta que faz com que a pessoa enxergue que os outros brilham mais, fazendo-a se sentir torturada e humilhada diante da suposta grandeza alheia.
A inveja causa ansiedade, que gera tensão e faz com que o ego use algumas de suas defesas para amenizar o sofrimento.
Um dos mecanismos de defesa é a “idealização”. A exaltação de uma pessoa, de seus dons ou das coisas que ela possui podem se constituir num mecanismo usado para diminuir a inveja que ela nos causa. De certa forma, idealizamos para evitarmos sentimentos hostis.
Outra defesa usada é a “desvalorização da pessoa”. Criticando-a, não precisamos sentir inveja. Diminuindo o outro, podemos senti-lo mais fraco, e isso nos alivia momentaneamente.
Uma atitude usada também com frequência é a “desvalorização do próprio eu”. Certas pessoas podem se sentir incapazes de desenvolver seus dons e utilizá-los com êxito. Então, diante de alguém que ela julga mais importante, pode se menosprezar.
Outro mecanismo de defesa está estritamente vinculado à necessidade de “despertar inveja no outro” através do próprio sucesso, poder ou boa sorte, invertendo assim os sentimentos experimentados. Para não sentir inveja, provoca-se inveja no outro. Exemplo disso são as pessoas que falam com certa arrogância de suas conquistas.
Essas defesas contra a inveja acham-se ligadas à proteção contra os impulsos destrutivos que fazem parte do nosso psiquismo. Quando a inveja ultrapassa os limites normais, tornando-se muito intensa, pode implicar em inibições e limitações da personalidade, contaminando todos os relacionamentos da pessoa, diminuindo a autoestima e minando o crescimento pessoal.
Através do conhecimento de nós mesmos, é possível promovermos a integração da personalidade, reconhecendo e desbloqueando nossos próprios recursos internos e, assim, nos expandirmos como pessoas.
Edázima Aidar é psicanalista pela Sociedade Campinense de Psicanálise.
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