Caminhos da Psicanálise | A psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor.

Clínica Caminhos da Psicanálise atendimento e supervisão presencial e on-line

Não há certificado de qualidade na paternidade!

11 de agosto de 2021

Logo nas duas primeiras semanas de vida da minha filha mais velha, quando trocou a noite pelo dia, percebi que estava diante de um desafio bem mais complexo do que havia imaginado – e sem qualquer ‘treinamento’ prévio. Foi um aprendizado no vácuo de estratégias preestabelecidas. Mesmo que tivesse acesso a manuais ou cartilhas sobre …

Freud e o “pequeno Hans”: a importância da figura paterna na vida da criança

11 de agosto de 2018

Freud se ocupou, desde 1909, da cura de uma criança de cinco anos (que, por sinal, aconteceu por meio do pai) atingida por uma neurose fóbica – “medo de cavalos”. Desde lá, o tratamento analítico com crianças vem sofrendo mudanças. Infelizmente, porém, muitos se afastaram do sentido dado ao sintoma, preocupando-se apenas com o real …

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"O que leva uma pessoa a procurar uma análise?

"O que leva uma pessoa a procurar uma análise? Genericamente, é o sofrimento psíquico, expresso de modos variados. "Algo não vai bem, não caminha." As queixas podem ser referidas à própria pessoa, as pessoas que a cercam, às dificuldades no amor, no trabalho, na família. Quer seja como embaraço, transbordamento, esvaziamento, dilaceramento, divisão, queda, impedimento, há 'algo' estranho, mais forte que o "eu", sem sentido, desarmônico, que produz mal-estar. A pessoa quer livrar-se disso e pede um tratamento de seu mal". Ariel Bogochvol Fonte: BOGOCHVOL, Ariel. O que aprendemos com a clínica estrutural: como o analista lacaniano faz diagnóstico? In: Forbes, Jorge (ed.), Riolfi, Claudia (org.), Psicanálise, a clínica do Real, Manole Editora, São Paulo, 2014. #malestar #sintoma #psicanálise #análise #sofrimento #linguagem

Seriedade da leveza e a sabedoria do se bem-dizer!

Seriedade da leveza e a sabedoria do se bem-dizer! “O ser é por definição o que sempre vai nos faltar, mas a seriedade para ele conta porque se refere à série, ao que faz série, ou seja, a sequência dos significantes. Seriedade da leveza, mas também leveza do sério, já que estou certo de que tudo o que vou acumular, reunir, possuir, não me permitirá nunca chegar ao bem supremo, e que eu posso então fazer dessa leveza do sério, dessa seriedade da leveza, uma certa forma de sabedoria. Mas fica com cada um de nós fazer com essa sabedoria tudo o que quiser, e, como sabemos, as sabedorias são feitas sobretudo para que não as escutemos e não as obedeçamos”. Fonte: Melman, Charles. Como ser feliz no amor, em uma lição. In: O laço conjugal, Associação Psicanalítica de Porto Alegre, 1994.
#ser #existência #psicanálise #análise #sintoma #leveza #melman #significantes #sabedoria

Diz o poeta: "Todas as guerras do mundo são iguai

Diz o poeta:
"Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém.
Todo o ser humano é um estranho
ímpar".* Carlos Drummond de Andrade poematiza algo que de vez em quando atravessa a vida cotidiana: achar que o mundo enfadonhamente se repete e que tudo está sempre igual. Destaca que só há um ser que não cabe nessa mesmice: o humano. Este não é igual a nenhum outro ser. Em uma sociedade onde tudo se transforma em mercadoria, o ser humano é reduzido a um corpo-objeto aprisionado na lógica da mesmice. Se sente na "obrigação" (ordem imaginária) de seguir os padrões de beleza, de felicidade, de realização pessoal e profissional que o mercado impõe e vende. É compelido a se tornar um igual, sem alteridade. Diante da padronização, não há espaço para o seu desejo. Quando se percebe como um "estranho ímpar", o humano abre caminhos para inventar respostas fora dos padrões estabelecidos pela sociedade de consumo. E, a partir daí, se sustenta em sua singularidade. Outra alternativa é se (con)formar com os simulacros da existência, onde 'a falta a ser' é preenchida pelo ter. Clovis Pinto de Castro, psicanalista. * Carlos Drummond de Andrade, in 'A Paixão Medida #CarlosDrummondDeAndrade #singularidade #desejo #simulacro #psicanalise

Esse poema de Rainer-Maria Rilke está nas última

Esse poema de Rainer-Maria Rilke está nas últimas linhas do livro “O que quer uma mulher?”, onde o psicanalista Serge André levanta a questão da feminilidade e o não-senso do inconsciente:
“Em seu Seminário de 1977, Lacan oferece uma indicação daquilo que poderia ser a interpretação psicanalítica para que se abra uma saída para o que não hesitaremos em chamar de não-senso do inconsciente. À trapaça do sentido, ele opõe, com efeito, a referência à poesia: ‘Como o poeta pode realizar esse esforço de fazer com que um sentido esteja ausente?’, pergunta ele. Pouco depois, ele convida seu auditório a encontrar, na escritura poética, a dimensão do que poderia ser a interpretação psicanalítica. Mais do que procurar um significante novo que adviria ao lugar do furo deixado no inconsciente pela falta de S( ), o analista deveria responder por uma ‘palavra vazia’, modelada sobre a poesia ‘que é efeito de sentido, mas também furo’. Aquilo que não é interpretável em termos de castração poderia, então, fazer parte da intervenção do analista sob a forma de uma prática do não-senso? Deixamos em aberto essa interrogação, pois o que Lacan nos propõe aqui é apenas uma indicação. Por sua parte, ele encadeava imediatamente essa confidência um pouco patética: ‘só há a poesia, já lhes disse, que permite a interpretação. É isso que não atinjo, em minha técnica, o que ela sustenta. Não sou bastante poata”. "(...) Esse pequeno a que se insere na função do poeta indica que Lacan via o futuro da interpretação pelo lado do objeto a e do corte, mais do que pelo lado da poesia e do furo no sentido. Em outras palavras, no que se refere ao amor, Lacan achava que devia acentuar mais aquilo que o limita, ou seja o (a)muro, do que a voragem que o atrai, ou seja, S( )."
Fonte: André, Serge. O que quer uma mulher? Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1987. #oquequerumamulher #sergeandré #feminilidade #inconsciente #rainermariarilke #mulher #análise #analista #psicanalista #jacqueslacan

A felicidade não existe em estado permanente! “Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...”. Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) Nós, humanos, temos a tendência crônica de querer eternizar os momentos de felicidade. É como se pudéssemos colocar o instante feliz em um porta-retrato para ser preservado para sempre. A felicidade existe. Isso é fato. Só não existe em estado permanente. Colocar para si a exigência de ser feliz o tempo todo é um grande engodo. A vida é assim: a alegria dos dias de sol para alguns pode ser angustiante para outros. Depende, por exemplo, se a pessoa está na praia ou atravessando uma grande seca. Como diz o poeta: "Nem tudo é dias de sol, e a chuva, quando falta muito, pede-se (...) o que é preciso é ser-se natural e calmo na felicidade ou na infelicidade". Para a psicanálise não se trata de ser natural. O humano, por ser um ser linguageiro, está inscrito no campo da cultura. É no âmbito da linguagem que poderá se desalienar da fantasia que o leva a achar que em algum lugar ou momento será plenamente feliz. Nesse processo de desalienação, perceberá "que o poente é belo e é bela a noite que fica". Clovis Pinto de Castro, psicanalista Fonte do poema: “O Guardador de Rebanhos”. Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946. - 45.
#felicidade #infelicidade #sintoma #albertocaeiro #fernandopessoa #análise #psicanálise

Agradeço o convite do @lapp.uni9 para participar

Agradeço o convite do @lapp.uni9 para participar do XI Simpósio de Psicanálise! Será um evento online e com inscrições gratuitas!
Dagmar!!!
Inscrições aqui: https://www.even3.com.br/xisimposiolutospsicanalise/

Prescrição da inocência! “Existe uma ética

Prescrição da inocência! “Existe uma ética do analisando que prefigura aquela do analista. De fato, mesmo que não faça senão começar, o ganho mais imediato de uma análise é cavar uma diferença entre a demanda – o serviço de bens – e o desejo que está mais além. Existe uma diferença ética entre o produto do saber inconsciente, o sintoma, do qual o sujeito pode se declarar inocente, do qual ele sofre da mesma forma que de seu destino ou de Deus, e o desejo a partir do qual o sujeito pretende agir, do qual ele responde pelos seus atos. Esta diferença tem uma dimensão ética, porque dá ao sintoma o sentido de existência; e é este sentido obscuro que o analisando assume sem compreendê-lo, a partir do instante em que prossegue seu caminho de analisando. Insistindo em sua via, ele já pode perceber que não é inocente nisto de que sofre, ele para neste instante de ser este pobre coitado encarregado de um destino miserável, de pais sem amor e de uma história semeada de emboscadas (...) seu próprio desejo está em causa em tudo que lhe pôde acontecer (...) o paciente não pode mais imputar suas desgraças a uma causalidade que lhe seria exterior. A análise deixa de ser uma moral da libertação, pois o analisando não pode se libertar do seu desejo (...) quanto mais estes impasses se revelam, mais o sujeito percebe que a análise o leva a um ponto oposto àquele pelo qual veio: ele começou uma análise para gozar plenamente e, no momento em que a conclusão se aproxima, pressente a castração (...). O paradoxo da ética se afigura ainda maior se considerarmos que, com ela, acaba-se também a culpa, no que a falta nunca terá sido tão plenamente reconhecida nem tão inteira. Entretanto, terá mudado de campo, pois não mais ninguém a quem imputar a responsabilidade sobre ela, nem tampouco mais ninguém diante de quem prestar contas dela. A inocência não é a palavra que convém para qualificar esse extremo. Há uma prescrição da inocência, bem como de qualquer esperança de pretextar a dor de existir”. Gérard Pommier, “O desenlace de uma análise”, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1990.
#sintoma #análise #psicanálise #existência #ética #desejo

Sustentar a vida entre as belezas e os infernos!

Sustentar a vida entre as belezas e os infernos! Em 2016, como um dos jurados do Prêmio Jabuti na área de Psicologia, Psicanálise e Comportamento, li o livro “Lacan Chinês – Poesia, Ideograma e Caligrafia Chinesa de uma Psicanálise”, do psicanalista Cleyton Andrade, vencedor do Jabuti daquele ano. É uma obra rara para quem se interessa pelas articulações entre a psicanálise lacaniana e a língua chinesa. O próprio Jacques Lacan, no “O Seminário – de um discurso que não fosse semblante”, livro 18, afirma: “talvez eu só seja lacaniano por ter estudado chinês no passado”. Formado em chinês pela Escola de Línguas Orientais, onde se diplomou em 1945, Lacan retoma, a partir de 1969, seus estudos sob a orientação de François Cheng, chinês naturalizado francês, profundo conhecedor das tradições da China Clássica. Um ano antes, Cheng havia defendido sua tese de doutorado diante de uma banca composta por Roland Barthes e Júlia Kristeva. Os diálogos semanais com Cheng foram fundamentais na reestruturação da teoria lacaniana da escrita e da letra. Cleyton Andrade assinala que “nos 26 seminários que vão de 1953 a 1979, em apenas seis não há alguma referência direta aos temas chineses”. Recentemente, ao reler o livro “O desenlace de uma análise”, de Gérard Pommier, me deparei com um breve testemunho de François Cheng sobre sua relação com Lacan. Os encontros não ficaram restritos ao âmbito do aprendizado da língua chinesa. Cheng encontrou também um espaço de escuta: “Pus-me, encorajado que era por seu silêncio atento, a contar minha vida, minhas experiências da beleza e do inferno, do exílio e da língua dupla. Revejo ainda seu rosto, subitamente iluminado pela malícia e pela bondade, quando me disse: ‘Veja, nosso ofício é demonstrar a impossibilidade de viver, a fim de tornar a vida um pouquinho possível. Você já viveu a hiância extrema, por que não alargá-la mais, a ponto de se identificar com ela? Você que tem a sabedoria de compreender que o vazio é sopro e que o sopro é metamorfose, não terá descanso enquanto não tiver dado livre curso ao sopro que lhe resta e feito dele uma escrita, por que não vazada.’ Com essas palavras, despedimo-nos”. continua nos comentários👇

Fala de Machado de Assis sobre o carnaval carioca,

Fala de Machado de Assis sobre o carnaval carioca, publicada em “A Semana”, 12 de fevereiro de 1894: “Quando eu li que este ano não pode haver carnaval na rua, fiquei mortalmente triste. É crença minha que no dia em que Deus Momo for de todo exilado deste mundo, o mundo acaba. Rir não é só “le propre de 1’homme”, é ainda uma necessidade dele. E só há riso, e grande riso, quando é público, universal, inextinguível, à maneira de deuses de Homero, ao ver o pobre coxo Vulcano. Não veremos Vulcano estes dias, cambaio ou não, não ouviremos chocalhos, nem guizos, nem vozes tortas e finas. Não sairão as sociedades, com os seus carros cobertos de flores e mulheres, e as roupas de veludo e cetim. A única veste que poderá aparecer, é cinta espanhola, ou não sei de que raça, que dispensa agora os coletes e dá mais graça ao corpo (MACHADO DE ASSIS, 1997, p. 598)”. Fonte do texto do Machado de Assis: “O carnaval e seus semblantes: os clóvis”, Maria Antônia Marques Brasil e Maria Nestrovsky FolbergI: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372015000100007 Fonte da frase do post: CESAR, Fátima Florido. Carnaval, in: www.loucurascotidianas.wordpress.com, 09/02/2018. #caminhosdapsicanálise #análise #psicanálise #carnaval #invenção #alegria

Conheci, por meio das redes sociais, uma das inici $Conheci, por meio das redes sociais, uma das iniciativas da equipe de cuidados paliativos do Hospital Universitário Walter Cantídio, de Fortaleza, onde é oferecido tratamento pelo SUS a pacientes com diagnósticos de doenças graves. Esse programa é coordenado pela médica Cinara Franco, geriatra e paliativista. Sempre que possível, ela e sua equipe se mobilizam para atender aos pedidos especiais dos pacientes sem qualquer possibilidade de cura. Dessa vez, o grupo tornou possível o desejo da Izabel Loiola, 48 anos, internada com leucemia. Seu corpo já não responde às quimioterapias. Isso impossibilita o recebimento de um transplante de medula óssea. Izabel desejava se reencontrar com o mar. Esse reencontro ocorreu recentemente na praia de Iracema. Foi marcado pela presença da sua família: pai, mãe, irmãos e primas. “Todas as minhas memórias da praia são maravilhosas. O mar sempre me dá paz e harmonia. Reencontrar a minha família, ainda mais na praia, foi uma das melhores coisas que me aconteceu na vida”. Algo que deveria ser comum na rotina dos hospitais que tratam de pacientes terminais, ganha visibilidade na imprensa por ser ainda da ordem da exceção. Há profissionais da área da saúde que, diante da impossibilidade de cura, “saem da arena, derrotados e impotentes (...) se eles soubessem que sua missão é cuidar da vida, e que a morte, tanto quanto o nascimento, é parte da vida, eles ficariam até o fim. E, assim, ficariam também um pouco mais sábios” (Rubem Alves). Quando não obtêm o ‘sucesso’ da cura, e a morte se torna próxima, é corriqueiro não terem o que fazer e o que dizer, pois pouco sabem sobre a finitude humana e a morte de si e dos outros. A negação da morte, travestida pelo discurso de uma prática médica onipotente, é uma tentativa – sempre fracassada – de tamponar o furo que ela aponta. (continua nos comentários 👇 👇)$

#clínica #psicanálise #sintoma #inconsciente #an

#clínica #psicanálise #sintoma #inconsciente #analista #analisando #sofimento #dor
Fonte: Duarte, Rinalda. O sintoma como enigma para analista e analisando: um ensaio psicanalítico. In: Farai, Michele Roman (org.). O psicanalista na instituição, na clínica, no laço social e na arte. Toro Editora, São Paulo, 2020.

A ética do bem dizer! “No início de uma anál

A ética do bem dizer! “No início de uma análise, o sintoma é um dizer que ainda não encontrou seu dito. A passagem do dizer do sintoma a seu dito é o que constitui propriamente falando o processo analítico, que se alinha na ética do bem dizer. A ética da psicanálise é a ética do bem dizer o sintoma. (...). Para que uma análise se inicie é necessário que o sujeito considere seu sintoma estruturado como a verdade, isto é, como um enigma em que algo está velado e que, ao mesmo tempo, desvela algo da verdade. O sintoma é um “velar iluminado”, como diz Heidegger em relação à verdade. O sintoma é alethos, ele vela e desvela algo que o sujeito considera como uma mensagem endereçada a ele fazendo parte de sua verdade. O sintoma é um semi-dizer porque participa do enigma da verdade, ou seja, mesmo quando decifrado contém algo que continua velado ao sujeito. Na análise, o sujeito espera uma grande revelação de sua verdade mas, ao decifrar seus sintomas a verdade sobre seu ser não é totalmente desvelada. O sujeito deverá ir além da frustração que isso pode acarretar e passar da impotência em dizer toda a verdade à sua impossibilidade estrutural. A operação da psicanálise vai do semi-dizer da verdade do sintoma ao bem dizer o sintoma (...). Se o sintoma, no início da análise é um dizer que ainda não encontrou o seu dito, no final da análise o sujeito chega a um bem dizer o sintoma, apesar de não totalmente. E o sintoma fica reduzido, digamos assim, a um real bem dito". Antonio Quinet Fonte: Quinet, Antonio. A descoberta do inconsciente - do desejo ao sintoma. Editora Zahar, Rio de Janeiro, 2000.
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114 anos do nascimento de Simone de Beauvoir! Fo

114 anos do nascimento de Simone de Beauvoir! Fonte: Simone de Beauvoir. Memórias de Uma Moça Bem-Comportada, Editora Nova Fronteira.

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#anonovo #singularidade #psicanálise #análise #implicação #desejo #invenção #responsabilidade

Saltar para dentro da vida! “Há alguns anos, r

Saltar para dentro da vida! “Há alguns anos, recebemos do amigo, Luiz Carlos Ramos, uma mensagem de Natal com o título: “Um menino nasceu, o mundo tornou a começar”, onde narra uma situação inusitada vivida por Riobaldo, personagem do livro “Grande Sertão: veredas”, de Guimarães Rosa: “Riobaldo atravessava os ermos da caatinga quando ouviu os gemidos de parturiente que vinham de um misérrimo casebre, enterrado na solidão. A mulher estava só, com suas dores e seu ventre inchado. Não obstante suas andanças o tivessem preparado mais para agente funerário que para obstetra, naquela noite o jagunço não teve escolha, a força irresistível da vida o convertera em parteira”. Fadado a conviver com a realidade da morte, Riobaldo se vê impactado pelo ventre onde pulsa uma nova vida. As mãos talhadas pela dureza da caatinga se tornam o meio pelo qual uma criança vem ao mundo. “Pelas mãos de um jagunço, no fundo do sertão, mais uma criança saltou para dentro da vida”. Em seu livro “O amor romântico e outros temas”, Dante Moreira Leite levanta a hipótese de “Grande Sertão: veredas” ser lido como “a longa e (talvez interminável) sessão psicanalítica de Riobaldo”. Trata-se de um outro parto: o de si mesmo. Atravessa o sertão para lidar com suas ambiguidades, contradições, repetições, seus estranhamentos. Se depara com questões próprias da existência: o acaso, a morte, o destino. É uma travessia onde, aos poucos, se desloca de uma ‘destinação’ (ser jagunço) para inventar um lugar para si. Para Riobaldo “O sertão está em toda parte... o sertão é do tamanho do mundo” (...) “Sertão é isto, o senhor sabe: tudo incerto, tudo certo”; Sertão: é dentro da gente”. Cada um tem seu próprio sertão. Sua travessia é tarefa intransferível para aqueles e aquelas que desejam saltar para dentro da vida! Feliz Natal!
Clovis e Dagmar

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Fonte: MILLER, Jacques-Alain (org.). Ornicar? Rio de Janeiro. Zahar / Campo Freudiano no Brasil, 2004.

No meio do caminho tinha uma ‘obstrução’! O

No meio do caminho tinha uma ‘obstrução’! Obstrução é sinal de que alguma coisa não vai bem. Algo não está funcionando, já não flui como antes. Na perspectiva psíquica, é quando o sujeito se depara com uma pedra no meio do caminho. Como afirma Carlos Drummond de Andrade: “no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho”. As expressões “tinha uma pedra” e “no meio do caminho” se repetem várias vezes nessa poesia. Sinalizam que não é uma pedra qualquer. Ela está no meio do caminho como obstrução, impedimento, obstáculo. Ao tentar caminhar, o sujeito tropeça. Sente um incômodo que gera desprazer e dor. Busca a análise porque já não aguenta mais tropeçar na mesma pedra e dar as mesmas respostas. É o tropeço em seu sintoma. Acha que houve uma ‘falha’ na maneira como vinha organizando a sua vida. Até então, conseguia ‘dar conta’ das pedras que encontrava pelo caminho, mesmo que fosse aos trancos e barrancos. De repente, tropeça, perde o equilíbrio, fica desestabilizado, descompensado. Chega na clínica com uma queixa: fala sobre a queda, os arranhões, os curativos, mas ainda sem condições de falar sobre a pedra. É o que a psicanálise chama de demanda inicial de uma análise. Para que a análise prossiga, o sujeito deverá se implicar na sua fala, na sua dor. Perceber que nem tudo cabe nas narrativas emboloradas, repetitivas que usava para se dizer. Terá que lidar com o estranho que o habita. Deverá manifestar o desejo de mudar. Precisará, em algum momento, responder à questão que Freud colocou há mais de 100 anos para uma de suas pacientes: “Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?”. De maneira um pouco diferente, Jacques Lacan afirma: “Da nossa posição de sujeitos, somos sempre responsáveis”. Não dá para terceirizar a vida. É intransferível. Não há um ‘kit desobstrução’ que o sujeito possa comprar e ser feliz para sempre. Pode até ser que haja gente prometendo esse kit. Desconfie sempre de quaisquer ofertas de ‘felicidade plena’, de ‘vida desobstruída em 5 passos’. (continua nos comentários 👇👇👇)

https://youtu.be/WS__hQfIpas Hoje, às 19h30, tem

https://youtu.be/WS__hQfIpas Hoje, às 19h30, tem live na página @caminhosdapsicanalise do Instagram! Receberemos as filósofas Dra. Suze Piza e mestranda Izabela Loner – da Universidade Federal do ABC – para um bate-papo sobre psicanálise e filosofia, com destaque para as diferentes respostas que Jacques Lacan deu a essa relação ao longo de sua singular elaboração teórica psicanalítica. "(...) o dito que resulta do que chamamos filosofia não é sem uma certa falta, e tento suprir isso recomendando ao que só pode se escrever, o nó bo, para que tiremos dele algum partido.
Nem por isso o que há de philia no filo com que começa a palavra filosofia deixa de ter um peso. A philia é o tempo, enquanto pensamento. O tempo-pensamento é a philia. A escrita, permita-me afirmar, muda o sentido, o modo do que está em jogo, a saber, a philia da sabedoria. Não é muito fácil dar suporte à sabedoria a não ser pela escrita, a do nó bo – de modo que, em suma, me perdoem a infatuação, o que tento fazer com o meu nó bo não é nada menos do que a primeira filosofia que me parece sustentável. LACAN, Jacques. O Seminário, A escrita do ego, livro 23 o sinthoma, 11 de maio de 1976, Zahar, Rio de Janeiro, 2005, p. 141.
#caminhosdapsicanalise #jacqueslacan #psicanálise #filosofia #nóborromeano

Psicanálise e filosofia! “Vou proceder aqui a

Psicanálise e filosofia! “Vou proceder aqui a marteladas pedindo, por mais temerária que essa fórmula possa lhes parecer, a reintegração em nossos conceitos cotidianos de termos tão maciços que, faz séculos, ninguém mais ousa tocar neles senão com uma espécie de tremor reverencial. Quero falar do Ser e do Um (...). Não somos idealistas, como se diz nos livros de filosofia; não somos daqueles que pensam que o ser é anterior ao pensamento, mas, para nos orientarmos em nosso trabalho de analistas, precisamos, nada menos, que fazer referência ao ser. Lamento ter de revolver para vocês o céu da filosofia; só faço por obrigação, forçado, e no fim das contas, porque não encontro nada melhor para operar” (Jaques Lacan, O Seminário, livro 6, “A função da fenda subjetiva na fantasia perversa”). Filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes, Pascal, Kant, Hegel, Kiekegaard, Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, entre tantos outros, tiveram papel fundamental na construção da teoria lacaniana. Lacan não fez uso da filosofia para apenas ilustrar ou referenciar formulações ou conceitos “prontos a priori”. Como pensar em “objeto a”, “falta-a-ser”, “ex-sistência”, “desejo”, sem sua leitura singular da filosofia? Como não se encantar, por exemplo, com a interpretação do “O Banquete de Platão”, visto por ele como metáfora do motor do tratamento analítico? Na live desta sexta-feira, 26 de novembro, às 19h30, em nosso perfil do Instagram – @caminhosdapsicanalise, mediaremos um bate-papo com as filósofas dra. Suze Piza e a mestranda Izabela Loner, da Universidade Federal do ABC, sobre a relação (in)tensa de Jacques Lacan com a filosofia. Veremos que as etiquetas filósofo ou antifilósofo não são suficientes para apreender a ambiguidade desta relação. Contamos com sua presença! Dagmar Silva Pinto de Castro
Clovis Pinto de Castro
#psicanálise #análise #filosofia #caminhosdapsicanalise

Nesta sexta-feira, dia 26 de novembro, às 19h30,

Nesta sexta-feira, dia 26 de novembro, às 19h30, a página @caminhosdapsicanalise do Instagram mediará um bate-papo sobre a relação tensa e intensa entre Psicanálise e Filosofia na teoria lacaniana. Contaremos com a presença das filósofas Suze Piza e Izabela Loner e mediação da psicanalista Dagmar Silva Pinto de Castro.
Suze Piza, filósofa, mestre e doutora em Filosofia pela Unicamp, pesquisadora nos programas de pós-graduação em Economia política mundial e no programa de Filosofia da UFABC, tem diversos livros e artigos publicados sobre as interfaces entre psicanálise e Filosofia. Pós-doutorado pela Unicamp em Filosofia e Psicanálise. Coordena o projeto de extensão Produção e reprodução do conhecimento em Heliópolis.
Izabela Loner, mestranda em Filosofia pela Universidade Federal do ABC, onde pesquisa as interfaces entre filosofia e psicanálise e as implicações filosóficas do ensino de Jacques Lacan, especialmente a questão da negatividade e dos limites do discurso ontológico e filosófico. Graduada no Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e Humanidades e em Filosofia pela mesma instituição. Formação em andamento em Psicanálise e Editora Responsável da Revista de Filosofia Instauratio Magna (PPGFIL-UFABC). Dagmar Silva Pinto de Castro, psicanalista, psicóloga, doutora em Psicologia pela USP, mestre em Psicologia da Saúde pela UMESP, atuou como docente e pesquisadora em Programas de Mestrado e Doutorado na UMESP e na UNIMEP, com livros e artigos publicados na área de políticas públicas, gestão de pessoas, psicanálise e fenomenologia. Atualmente, atua como psicanalista em clínica e supervisão.
#jacqueslacan #psicanálise #filosofia

#tbt Religião e psicanálise: formas distintas p

#tbt
Religião e psicanálise: formas distintas para o enfrentamento da angústia! A psicanálise e a religião nascem da mesma demanda: uma resposta à angústia, mais precisamente, a angústia da morte – angústia que marca a condição humana. Para lidar com essa angústia, os discursos religiosos fundamentalistas e a psicanálise percorrem caminhos diferentes. Os fundamentalistas se estruturam na ordem da completude e da moral. Nada pode escapar ao sentido. Buscam apaziguar os seres angustiados. No livro “O triunfo da religião”, o psicanalista Jacques Lacan, afirma que a missão da religião é “curar os homens (...) para não perceberem o que não funciona”. Diferente de Sigmund Freud, que acreditava no domínio do saber científico positivista sobre a religião, Lacan afirma que a religião dará “um sentido a todas as reviravoltas introduzidas pela ciência. E, no que se refere ao sentido, eles [os líderes religiosos] conhecem um bocado. São capazes de dar um sentido a qualquer coisa. Um sentido à vida humana, por exemplo. São formados nisso”. Lacan reconhece a legitimidade do saber religioso. É um saber entre tantos outros: “enquanto analistas, pensamos que não há saber algum que não se erga sobre um fundo de ignorância. É isso que nos permite admitir como tais muitos outros saberes além do saber cientificamente fundado”. Lacan percebe a religião como algo inerente ao ser humano; é da ordem do indestrutível; é estrutural, aparece como repetição – insiste e resiste. A psicanálise tem outro viés. Não trabalha com discursos ordenadores da realidade. Não há generalizações possíveis. É da ordem da incompletude e da ética do desejo. Sabe que há demandas existenciais que não cabem nas palavras. Como afirma Lacan, “se ocupa muito especialmente do que não funciona (...) – o Real”. O conceito de Real em Lacan tem raízes em Sören Kierkegaard, teólogo cristão e filósofo dinamarquês, que percebeu algo na existência que escapa ao pensamento lógico, racional e que não permite uma síntese (diferente da tríade tese-antítese-síntese de Hegel)… continua nos comentários 👇👇👇

Em seu livro “Análise online na pandemia e depo

Em seu livro “Análise online na pandemia e depois”, Antonio Quinet sustenta que a análise em um ambiente virtual não pode ser vista como uma ‘gambiarra’, até porque “a experiência tem demonstrado que não se confina o Inconsciente” (...) O que eu faço, assim como muitos outros analistas, é psicanálise – digo isto por ter efeitos de análise, pois é possível o ato analítico na análise online” (...) o ato e a interpretação do analista dependem única e exclusivamente do analista e não do dispositivo, seja ele divã-poltrona, seja ele online (...) o espaço psíquico não se reduz ao espaço físico”. São dois dispositivos que se sustentam em suas diferenças e aproximações. Não se trata de uma transposição do presencial para o virtual. É da ordem do novo. Exige teorização. Avaliá-los pelo viés de um gosto pessoal, dificuldades com a tecnologia, ou por uma visão maniqueísta – certo ou errado, adequado ou inadequado, bom ou ruim – pode ser uma cilada. Quinet propõe aos psicanalistas “considerar o atendimento online sob a égide da pesquisa e da experimentação, procurando descobrir novas modalidades de efetuação do ato psicanalítico”. Não há cartilhas prontas. Freud também não as tinha quando da criação da psicanálise. A análise online não pode ser vista como segunda opção ou como produto de ‘segunda linha’. É um dos dispositivos disponíveis ao analista e ao analisando. A definição por um dos dispositivos será no caso a caso. O que não pode faltar – em qualquer um dos dois – é o rigor do método psicanalítico e a ética do desejo do analista. Clovis Pinto de Castro #atendimentoonline #psicanálise #análise #Lacan #Quinet

Fonte: Cláudia Riolfi. Quando está indicado o di

Fonte: Cláudia Riolfi. Quando está indicado o divã: a análise lacaniana tem contraindicações? In: Jorge Forbes (Ed.) e Claudia Riolfi (Org.). Psicanálise: a clínica do real. Editora Manole, 2015
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Fonte: OCARIZ, Maria Cristina. O sintoma e a clínica psicanalítica - o curável e o que não tem cura. São Paulo, Via Lettera, 2003.

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#psicanálise #análise #sintoma #jacqueslacan Fonte: Entrevista com Jacques Lacan concedida a Emilio Granzotto para a revista italiana Panorama em 1974.

Fonte: trecho extraído do texto Felicidade nas te

Fonte: trecho extraído do texto Felicidade nas telas, de Contardo Calligaris, publicado na Folha de S.P. em 23.09.10.
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Fonte: LACAN, Jacques. O engano do sujeito suposto saber [1967]. In: Outros Escritos, Rio de Janeiro, Zahar, 2003.

A análise é uma criação? O que está em jogo?

A análise é uma criação?
O que está em jogo?
O que se forja?
O que se cria, precisamente: o advento de um sujeito
e, jamais dado mas sempre conquistado,
o espaço de uma liberdade interior". Fonte: Rey, Pierre. “Uma temporada com Lacan – relato”, Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 1990. #análise #psicanálise #pierrerey #singularidade #jacqueslacan

"A realização de uma análise é sempre um caso

"A realização de uma análise é sempre um caso singular" (Lacan). “Insisto no fato de que Freud avançava numa pesquisa que não é marcada pelo mesmo estilo que as outras pesquisas científicas. O seu domínio é o da verdade do sujeito. A pesquisa da verdade não é inteiramente redutível à pesquisa objetiva, e mesmo objetivante, do método científico comum. Trata-se da realização da verdade do sujeito, como de uma dimensão própria que deve ser destacada na sua originalidade em relação à noção mesma da realidade (...). Certamente, a análise como ciência é sempre uma ciência do particular. A realização de uma análise é sempre um caso singular, mesmo que esses casos singulares se prestem não obstante a alguma generalidade, desde que há mais de um analista. Mas a experiência analítica com Freud representa a singularidade levada ao seu extremo, pelo fato que começava a construir e a verificar a própria análise. Não podemos negar o fato de que era a primeira vez que se fazia uma análise. O método sem dúvida se deduz disso, mas só o método para os outros. Freud não aplicava um método. Se negligenciássemos o caráter único, inaugural, do seu procedimento, cometeríamos uma falta grave. A análise é uma experiência do particular. A experiência verdadeiramente original desse particular assume, pois, um valor ainda mais singular. Se não sublinharmos a diferença que há entre essa primeira vez e tudo o que veio a seguir, nós que nos interessamos, não tanto por essa verdade quanto pela constituição das vias de acesso a essa verdade, não poderemos nunca apreender o sentido que é preciso dar a certas frases, certos textos que emergem na obra de Freud, e que tomam em seguida, em outros contextos, um sentido bem diferente, ainda que se pudesse considerá-los como calcados um sobre o outro”.
Jacques Lacan Fonte: Lacan, Jacques. Primeiras intervenções sobre a questão da resistência, 20 e 27 de janeiro de 1954. In: O Seminário, livro 1, Os escritos técnicos de Freud, Zahar, 1986.
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