Os envelopes usados na arte deste post são do final da década de 1970. Aqui em casa são considerados relíquias e ficam guardados a sete chaves. Cada um deles era feito de forma artesanal. Nunca se repetiam. Eu os recebia da minha namorada. Saí de Londrina em 1977 para iniciar a minha trajetória universitária em São Bernardo do Campo. Uma época sem internet e redes sociais. As ligações telefônicas interurbanas eram caríssimas. A troca de correspondências era a opção viável. Recebia de quatro a seis cartas por semana. A beleza não estava apenas na expressão artística, nos traços e nas cores. Portavam expressões de carinho, cuidado, memórias e amor. Palavras que me sustentaram na transição para um mundo desconhecido. Cada vez que as recebia me entregava ao ridículo do amor. Vínculo que nos permitiu atravessar quatro décadas. Aquele amor idealizado da adolescência e juventude passou por rupturas, desencontros e reencontros. Hoje, vivenciamos o amor que se sabe na incompletude e na ausência de garantias. Amor que nos implica a sustentar um desejo. Juntos por querer e não por dever. Amor que se diz no ridículo das cartas de amor. Como afirma Álvaro de Campos (Fernando Pessoa): “As cartas de amor são ridículas. Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas”. Te amo, Dagmar! Feliz Dia dos Namorados!
(Clovis Pinto de Castro)
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