As fantasias sexuais femininas são produzidas pelo inconsciente e representam as expressões objetivas dos desejos ou a negação deles. Durante muito tempo, acreditou-se que as mulheres não as tinham. Hoje, sabe-se que a maioria coloca as fantasias sexuais em cena, isto é, brinca com seu mundo imaginário durante as relações sexuais.
Por meio das fantasias, cria-se uma espécie de teatro, no qual a pessoa lança mão de alguns elementos, tais como personagens, cenários, enredos, falas e outros recursos, para intensificar o prazer sexual. A imaginação não impõe limites, e as imagens desfilam como um filme através da mente.
São muitas as músicas que se referem às fantasias. Rita Lee, por exemplo, em Mania de Você, diz “De tanto imaginar loucuras (…) A gente faz amor por telepatia. No chão, no mar, na lua, na melodia (…)”. Os trechos dessa música confirmam o caráter lúdico que possuem as fantasias eróticas. Na verdade, elas se constituem num recurso que possibilita ao indivíduo escapar da racionalidade da vida cotidiana. Têm a função de liberar preconceitos e repressões, que costumam acompanhar a sexualidade. As fantasias fortalecem o relacionamento, incentivam a cumplicidade e aprofundam a intimidade.
Geralmente, as fantasias sexuais masculinas estão voltadas para a relação sexual em si. Elas, quase sempre, denunciam a necessidade de afirmação da própria virilidade.
A sexualidade do homem é mais genitalizada, enquanto que o relacionamento sexual para a mulher é encarado como um acontecimento mais emocional e menos sexual. Na mulher, é o sentimento que costuma desencadear o desejo. As fantasias femininas são mais românticas e elaboradas. Com frequência, dizem respeito a lugares e situações. É comum imaginarem-se com os próprios parceiros em situações inusitadas, cheias de amor e desejo. O mundo imaginário da mulher é mais sensual do que sexual. Há mulheres, por exemplo, que sonham em jantar com seu amado à luz de velas ou dançar um tango sob a luz do luar, ou ainda, namorar numa sacada com vista para o mar.
Outras fantasias não tão românticas, porém muito comuns para as mulheres, é imaginarem-se dominadas por um homem bonito, inteligente, forte e atraente. Muitas mulheres, ainda meninas, receberam mensagens contraditórias sobre sua sexualidade, foram ensinadas a se mostrarem passivas, a não expressarem seu desejo e a dizerem “não” ao prazer. A fantasia de “ser forçada” oferece uma boa solução para esse conflito, já que, numa situação assim, a mulher não teria responsabilidade por seu desejo, aliviando seu sentimento de culpa.
No livro “O sexo e a psique”, o psicanalista britânico Brett Kahr relata que usou um questionário anônimo para saber o que excita os ingleses. Sua pesquisa totalizou nada menos do que 19 mil fantasias sexuais, o que o levou a concluir que o medo do que os outros possam pensar é o que faz com que a pessoa mantenha as fantasias em segredo. O fato de não falar, porém, não significa que elas não existam.
Para Freud, as fantasias são fundamentais no exercício da libido, revelando os caminhos individuais que o psiquismo percorre para tornar o sexo realizante, evitando o desgaste da rotina e colaborando para uma sexualidade criativa e vibrante.
Edázima Aidar é psicanalista pela Sociedade Campinense de Psicanálise.
Contato: (19) 9968-3017 (WhatsApp)
Rua Alfredo Guedes, 1949, Ed. Racs Center, Piracicaba-SP