Os sonhos sempre intrigaram a humanidade. Provocaram muitas inquietações. Trariam eles alguma revelação ou mensagem? Teriam algum sentido? Poderiam ser vistos como cartas cifradas?
Um antigo texto egípcio diz: “Deus criou os sonhos para mostrar o caminho àquele que dorme, cujos olhos estão nas trevas”. Mostra que os antigos, além de darem importância aos sonhos, possuíam uma noção intuitiva do seu significado.
Os reis egípcios e os faraós, por exemplo, respeitavam muito os sonhos e acreditavam que eles lhes proporcionavam orientação divina e proteção.
Esperava-se que eles fornecessem soluções para os problemas e pudessem, igualmente, antecipar o futuro. Vários livros sagrados, entre eles, a Bíblia de tradição judaico-cristã, são fontes de exemplos de sonhos interpretados.
Depois de Freud, porém, a interpretação dos sonhos, não como “antecipação do futuro”, mas como “realização de desejos inconscientes”, transformou-se em algo real.
Em 1900, Freud escreveu uma obra fundamental para a psicanálise: “A Interpretação dos Sonhos”. Aponta os sonhos como produtos psíquicos que se originam de uma instância psíquica chamada inconsciente.
Segundo ele, os sonhos são a “via régia para o inconsciente”, isto é, a via mais direta, mais desimpedida, para nos conduzir à verdade dos nossos desejos mais profundos, secretos e inconfessáveis.
Quando sonhamos, nosso verdadeiro ser aparece à superfície para nos mostrar quem somos, o que queremos e o que tememos.
No entanto, os desejos revelados nos sonhos não aparecem claros e perceptíveis. Embora a censura diminua quando dormimos, ela não desaparece completamente.
Existem alguns mecanismos de defesa que se encarregam do trabalho de camuflagem.
Se nossos desejos aparecessem muito claros, se as emoções e os sentimentos, que muitas vezes tentamos esconder de nós mesmos, surgissem “escancarados” em nossos sonhos, poderíamos ficar assustados ou incomodados.
A censura age então como uma válvula de segurança, fazendo com que as verdades denunciadas nos sonhos apareçam disfarçadas, mascaradas e encobertas por meio de metáforas, símbolos e deslocamentos.
O sonho revela o oculto, mas de forma enigmática. É preciso conhecer sua linguagem para poder tirar proveito de suas mensagens.
Por mais insignificante ou sem nexo que seja um sonho, ele sempre quer nos dizer algo. Os sonhos servem para nos mostrar o que não sabemos ou o que não queremos ver. Eles são a “janela” para ver nosso mundo interno.
Podemos dizer que dentro de nós mora um “estranho” que não conhecemos. Esse estranho, quando dormimos, fala conosco através dos sonhos. A proposta da psicanálise é revelá-lo.
Edázima Aidar é psicanalista pela Sociedade Campinense de Psicanálise.
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