Os avós ocupam um lugar único na vida das crianças. Por sua vivência e experiência, já não sofrem das mesmas ansiedades dos pais, que costumam ser impacientes, preocupados e nervosos diante de uma situação difícil.

Geralmente, eles têm, pelos netos, mais compreensão e diálogo. É claro que existem também momentos de irritação e impaciência, porém são episódios de menor frequência.

Para as crianças, essa convivência é uma oportunidade de conhecer gente de idade diferente, de compreender os problemas e as reações que têm os mais velhos, aprendendo “ao vivo” como são e pensam, e entendendo melhor os ciclos da vida.

Enquanto isso, por meio dos netos, os avós entram em contato com a criança que existe dentro deles e também com a criança que seus filhos um dia foram. Assim, revivendo o passado e ajudando na construção do futuro, conseguem satisfazer suas próprias necessidades: tornar-se pessoas estimadas. Sentem-se rejuvenescidos com a energia, o amor espontâneo e a admiração dos netos.

As crianças têm o dom de fazer com que os avós se sintam importantes e necessários. Como muitos dizem, são como os “segundos pais”, e não há nada mais agradável para eles do que o prazer de desfrutar da vida dos netos e, ao mesmo tempo, sair de cena quando necessário.

O vínculo emocional que as crianças têm com os pais é mais forte e, também, mais carregado de tensões; já os avós conseguem despolarizá-lo um pouco. A convivência com os avós tende a ser melhor e mais agradável quando as crianças estabelecem antes um relacionamento sólido e afetivo com os pais.

Para os avós, tendo agora mais maturidade, reviver a época em que cuidaram dos seus filhos pode ser uma experiência extremamente gratificante e enriquecedora.

No entanto, observamos que alguns avós têm a tendência de agir como se estivessem “passando a limpo” muitas das falhas que acreditam ter cometido, correndo o risco de serem “bonzinhos” demais.

As crianças desenvolvem sentimentos e adquirem atitudes com base na maneira como os pais e os avós (principalmente quando essa convivência é frequente) agem com elas, e são extremamente sensíveis para captar a reação das pessoas que as circundam. Ficam sempre “testando” para ver até onde podem ir para conseguir o que desejam.

Alguns avós acreditam que deveriam fazer todas as vontades dos netos, porém, ao contrário do que pensam, agindo assim, podem dificultar a aprendizagem de como é a vida.

Amar os netos e compreendê-los faz parte do papel dos avós, assim como frustrá-los, quando necessário, repreendendo atitudes inadequadas e não se preocupando tanto em agradá-los.

Educar é uma arte extremamente difícil, e os avós, queiram ou não, podem e devem participar dela. Entretanto, a disciplina e os limites também precisam estar presentes nesse relacionamento.

Edázima Aidar é psicanalista pela Sociedade Campinense de Psicanálise.
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